Segurança em Cirurgia Plástica

por DR. RODRIGO SIZENANDO . 27/04/2015

               Qualquer procedimento cirúrgico é uma agressão ao corpo, que dela se cura graças ao lastro existente na capacidade de funcionamento dos órgãos. O sucesso depende do respeito a esses limites. Na grande maioria das vezes, a cirurgia provoca um estado de doença para que ocorra a cura de outra. Exceção se faz à cirurgia plástica estética, indicada para aqueles em pleno estado de saúde. Como para um praticante de paraquedismo, o indivíduo é movido pelo desejo, que supera o controle absoluto da situação. Diante da dependência do bom funcionamento do seu organismo, dos profissionais envolvidos, do maquinário empregado, do material utilizado e do acaso, cabe-lhe tentar minimizar os riscos.

                Cada escolha do paciente o aproximará ou o afastará do objetivo de ter o seu corpo modificado com segurança. A escolha do cirurgião é, sem dúvida, preponderante, pois influenciará sobremaneira as outras. O conhecimento está disponível a todos, mas a sua formalização facilita a avaliação do profissional. O médico que domina a cirurgia plástica é o cirurgião plástico. Ser membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica é um bom ponto de partida, mas não uma garantia. Há membros dessa associação que detêm conhecimento teórico muito superior ao prático e há excelentes cirurgiões plásticos não membros. Pacientes já atendidos pelo profissional desejado podem ser uma fonte de consulta complementar.

                O local onde será realizada a cirurgia tem fundamental importância. Há hospitais gerais, maternidades e clínicas dos mais diversos portes. Quanto maior a estrutura, maiores os recursos disponíveis: médicos plantonistas durante 24 horas, exames laboratoriais e de imagem, colegas de diversas especialidades, banco de sangue e centro de tratamento intensivo. Quanto menor a estrutura, maior o número de serviços terceirizados, o que pode comprometer a agilidade do atendimento.

                A presença do anestesista na sala de cirurgia permite-lhe antecipar o acaso e tomar as medidas necessárias imediatamente. Sua participação em cirurgias simultâneas pode atrasar o diagnóstico e o tratamento. A escolha do tipo de anestesia visando à contenção de custos pode permitir atingir doses tóxicas do anestésico local. Por outro lado, mãos hábeis do anestesista, que executam confiantes punções cada vez mais altas na coluna vertebral, podem arrepender-se de uma decisão equivocada. Anestesias gerais já foram extremamente perigosas no passado, mas atualmente podem ser bem controladas quando bem indicadas. Ao paciente cabe a decisão conjunta com a equipe sobre o tipo de anestesia.

                Quanto mais longa a cirurgia e quanto maior a área corporal tratada, maiores as chances de se atingir o limite de funcionamento do corpo, bem como de surgirem complicações infecciosas e trombose. A segmentação em vários procedimentos menores pode evitar a transformação do sonho em pesadelo. Cirurgias que se iniciam ao final do dia muitas vezes contam com uma equipe cansada. Além disso, todos os recursos disponíveis durante o dia tornam-se mais raros à noite. Cirurgias plásticas repetidas em um mesmo local causam cicatrizes internas, que podem dificultar nova abordagem e induzir ao erro.

                Ouvir com atenção não somente o que interessar e participar ativamente das decisões são essenciais para que o paciente e o médico dividam a responsabilidade de um bom resultado. O cirurgião que trata a cirurgia plástica estética como mercadoria poderá ser cobrado pelo código de defesa do consumidor. Aquele que a trata como um meio para buscar promover maior felicidade é o seu maior aliado em qualquer situação.